
Por mais de 25 anos, Zely Fontes, moradora de Duque de Caxias, viveu uma rotina marcada por improvisos. Para conseguir água, era preciso recorrer a caminhões-pipa, esperar a boa vontade do clima ou, quando possível, armazenar em uma caixa-d’água comprada com esforço. Essa era a realidade na Vila São Luís — e também em tantas outras ruas de vários bairros e municípios da Baixada Fluminense, onde a escassez de infraestrutura sempre foi regra, não exceção.
Mas essa história começou a mudar. Com a reativação de 17 mil metros de redes de abastecimento, cerca de 50 mil caxienses de sete bairros da cidade agora recebem água tratada com regularidade. O avanço é fruto de uma ação da Águas do Rio que devolveu o essencial para milhares de famílias: o direito de abrir a torneira e ver a água correr.
Em bairros como Jardim Gramacho, Sarapuí, Doutor Laureano, Vila Operária, Beira-Mar e Parque Duque, o cenário começa a se transformar. São áreas que, por décadas, ficaram à margem de políticas públicas efetivas, apesar de concentrarem milhares de pessoas que movimentam a economia local todos os dias.
João Pedro Andrade, coordenador de Operações da Águas do Rio, resume o impacto da iniciativa. “Nosso objetivo é levar saúde e qualidade de vida aos moradores, oferecendo acesso ao saneamento básico, algo fundamental para a dignidade das famílias e para o desenvolvimento do município”, explicou Andrade.
O trabalho faz parte do plano de universalização do abastecimento em Duque de Caxias. Desde novembro de 2021, quando a Águas do Rio assumiu os serviços de água e esgoto na cidade, já foram implantados ou substituídos cerca de 100 quilômetros de rede. Além dos avanços na distribuição, Duque de Caxias também tem colhido frutos em outras frentes do saneamento. Com a ativação do sistema de esgoto, mais de 20 mil pessoas passaram a contar com coleta e tratamento adequado nos bairros Jardim 25 de agosto, Gramacho e Figueira.

A mobilização em torno do saneamento básico também atende a um compromisso nacional. O Marco Legal do Saneamento, sancionado em 2020, estabelece que até 2033, 99% da população brasileira deve ter acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto. Para alcançar essas metas, sobretudo em regiões marcadas pela desigualdade histórica, como a Baixada Fluminense, é preciso acelerar investimentos, ampliar parcerias e garantir que o acesso a serviços essenciais não seja privilégio de poucos, mas um direito de todos.
“A Baixada Fluminense enfrenta há décadas um déficit histórico de infraestrutura, especialmente no acesso à água tratada. Esse investimento não só garante um serviço essencial, como representa um passo importante na reversão desse cenário de abandono. Já conseguimos levar água tratada pela primeira vez para mais de 36 mil caxienses — e estamos apenas no começo”, afirma Andrade.
