Redação
O Estado do Rio de Janeiro registrou, nos dez primeiros meses do ano, avanços significativos na segurança pública, com reduções nos crimes contra a vida e recorde de apreensão de fuzis. Foram recolhidas pelas polícias 642 armas longas, um aumento de 22%, em relação ao mesmo período de 2023, uma média de duas apreensões por dia. O percentual súpera todos os registros anteriores para o indicador desde o início da série histórica, em 2007, e estabelece um marco nos últimos nove anos. Os dados foram divulgados, nesta segunda-feira (25/11), pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).
– A redução da letalidade violenta e a alta histórica nas apreensões de fuzis refletem o trabalho integrado das polícias Civil e Militar, somado aos investimentos constantes vindos pela nossa gestão fazendo na segurança. Nosso objetivo é seguir combatendo a criminalidade e desarticulando organizações criminosas no estado – afirmou o governador Cláudio Castro.
Principais indicadores:
Letalidade violenta: 3.107 vítimas nos dez meses de 2024. Na comparação com o ano anterior, houve a diminuição de 13%. Este é o menor valor para o acumulado desde o início da série histórica, em 1991.
Homicídio doloso: 2.370 vítimas nos dez meses de 2024. Na comparação com o ano anterior, o delito registrou redução de 13%. Este é o menor número de mortes para o período desde o início da série histórica, em 1991.
Mortes por intervenção de agente do Estado: 610 mortes nos dez meses de 2024. Em relação ao ano anterior, houve uma redução de 21% no delito, o menor valor para o período desde 2015.
Roubo de carga: 2.518 casos nos dez meses de 2024. Em relação ao ano anterior, a diminuição foi de 9%, o menor valor para o período desde 2011.
Armas apreendidas: 5.287 apreensões em dez meses. Em média, foram retiradas de circulação, por dia, 17 armas de fogo.
Fuzis apreendidos: 642 fuzis apreendidos nos dez meses de 2024. A cada 24 horas, as polícias Civil e Militar apreenderam cerca de dois fuzis. Esse número representa o maior número de apreensão para o período desde o início da série histórica, em 2007.
Prisão em flagrante: 35.707 prisões em flagrante até outubro deste ano. No comparativo com o mesmo período de 2023, o delito registrou aumento de 15% no acumulado. Foram 117 prisões em flagrante por dia. Esse número representa o maior número de prisões para o período desde o início da série histórica, em 2006.
Recuperação de veículos: 15.170 veículos foram recuperados até outubro deste ano, uma média de 50 por dia. No comparativo com o mesmo período de 2023, o indicador registrou um aumento de 23%.
Apreensão de drogas: 20.308 registros de drogas apreendidas em dez meses. Em média, foram 66 apreensões por dia. No comparativo com o mesmo período de 2023, o delito registrou um aumento de 7%.
Os dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública são referentes aos Registros de Ocorrência (ROs) lavrados nas delegacias do Estado do Rio durante o mês de outubro.
Há 35 anos, arma de guerra encontrada com bandidos causou espanto
A Polícia Militar convidou toda a imprensa ao Palácio Guanabara para exibir, na presença do então governador do Rio, Moreira Franco, o armamento apreendido na noite anterior na Favela de Acari. Em meio a um arsenal que incluía uma metralhadora Uru, uma pistola Lugger e um revólver Taurus, além de muita munição, chamava atenção um fuzil Colt AR-15, de fabricação americana, bastante usado na Guerra do Vietnã. Era a primeira arma daquele modelo encontrada nas mãos de bandidos no Rio.
Passados 35 anos, o problema se agravou, e muito. Nos anos 1980, a apreensão de um único fuzil AR-15 motivou a PM a mostrar o material para a imprensa na sede do governo estadual. Hoje, porém, armas de guerra são frequentemente encontradas nas mãos de traficantes da capital fluminense. Apenas em 2023, foram apreendidos 423 fuzis com criminosos (199 eram da marca Colt). Este ano, mais de 500 fuzis foram capturados somente até setembro, superando, portanto, o total de 2023.
Aquela apreensão em 1989 aconteceu quando uma patrulha do 9º BPM (Rocha Miranda) foi alvo de disparos em Acari, na Zona Norte. Bandidos e polícias trocaram tiros, mas os criminosos fugiram quando chegou reforço de PMs. Deixaram para trás o armamento, mas ninguém foi preso. “Sabíamos que eles tinham fuzis AR-15, agora conseguimos apreender um”, disse o coronel Emir Laranjeiras, comandante do 9° BPM. “Mas ainda há mais cinco escondidos na favela. Estamos em desvantagem”.
Outras armas de guerra já vinham sendo retiradas das mãos do crime no Rio nos anos 1980. Eram fragmentos de uma enxurrada de fuzis contrabandeados ou mesmo desviados das Forças Armadas para o tráfico. Enquanto isso, os policiais usavam armamento inferior, que incluía revólveres calibre 38 e rifles de repetição. Foi diante do crescente poderio de fogo dos bandidos que as forças de segurança passaram a adquirir, ao longo dos anos 1990, armas semiautomáticas ou automáticas.