Redação
A secretaria estadual de Saúde do Rio estuda criar uma força-tarefa para refazer os testes de sorologia em pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com exames realizados pelo PCS Lab Saleme — onde foram feitos os falsos-negativos de HIV em pacientes que tiveram órgãos transplantados. Em um ofício, obtido pelo GLOBO, a Superintendente de Unidades Próprias e Pré-Hospitalares, sugere a criação do mutirão” para identificação desses pacientes e agendamento para nova realização”.
A recomendação do MP é assinada pelas promotoras Cristianes de Carvalho e Cristina Cavalcante. Elas atuam na 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Região Metropolitana e na 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital. Um dos pedidos é que os pacientes “tenham assegurado o direito ao refazimento gratuito e com prioridade, a ser agendado via regulação, das análises clínicas e patológicas com suposto erro de resultado.”
Ao sugerir internamente como responder ao pedido das promotoras, a Superintendente de Unidades Próprias e Pré-Hospitalares da secretaria afirma não ser possível refazer os testes de pacientes que foram internados nessas unidades, pois os exames são “indicados de acordo com a condição clínica que motiva a internação na unidade, não sendo indicada a repetição dos mesmos após a finalização do tratamento e alta hospitalar” .
Para aqueles que fazem acompanhamento ambulatorial, a superintendente usa o mesmo argumento para indicar não ser necessário repetir os exames, mas ressalta que esses pacientes são acompanhados periodicamente por médicos e que o “refazimento pode e deve ficar a critério da avaliação do responsável pelo tratamento (…) cabendo a direção e equipe assistencial da unidade avaliar a necessidade”.
Para os testes de sorologias, entre eles o de HIV, a superintendente sugere a criação da força-tarefa. Caso seja definido a necessidade de refazer os exames, ela coloca sua equipe à disposição para “traçar um plano de ação junto as unidades para a convocação desses pacientes, bem como o monitoramento da realização dos novos exames”.
Procurada, a SES diz que “mesmo antes da recomendação do Ministério Público, instalou o Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes) para dar respostas mais rápidas aos casos de transplantados infectados com o vírus HIV”. A pasta, no entanto, não informou se vai criar a força-tarefa e quantos pacientes poderiam ser contemplados.
Rio vai retestar 59 transplantados
Há cerca de 15 dias a secretaria de Saúde do Rio anunciou uma notícia que pacientes transplantados de pacientes do Rio aguardavam com ansiedade e preocupação: o Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) havia feito análises preliminares que constaram que nenhuma das 288 outras amostras de sangue de doadores de órgãos estava infectada com HIV. Os testes tiveram que ser refeitos após a divulgação de que seis pacientes haviam sido infectados com o vírus, erro inédito no país. No entanto, documentos obtidos pelo GLOBO revelam que não foi possível realizar o reteste de 39 doadores e, por isso, a secretaria de Saúde quer examinar 59 pacientes transplantados com órgãos desses doadores.
Novo laboratório
A secretaria estadual de Saúde (SES) do Rio fechou a contratação da empresa Blessing Análises Clínicas para substituir o PCS Lab Saleme na prestação de serviços para 13 unidades da rede estadual de saúde do Rio. A troca foi feita após o escândalo dos transplantes com órgãos infectados com HIV, que veio a público no último dia 11 de outubro e pelo qual o PCS — responsável pelos testes falhos — foi interditado. O novo contrato de R$ 11,3 milhões é emergencial e valerá por um ano, mas pode ser interrompido antes caso a pasta escolha uma nova empresa por licitação. Com informações do Globo
