Redação
Vinte e oito dias após o grave derramamento de substâncias tóxicas que contaminou o rio Suruí, em Magé, na Baixada Fluminense (RJ), moradores, pescadores e ativistas participaram neste domingo (27) de uma caminhada inter-religiosa para exigência de justiça e ações concretas de recuperação ambientais. Organizado pelo Green Faith no Brasil em parceria com associações locais, o protesto reuniu pessoas de diversos segmentos.
O presidente da Associação de Caranguejeiros e Amigos dos Mangues de Magé, Rafael Santos Pereira, 37 anos, vê o derramamento com grande preocupação. “A comunidade está prejudicando com as consequências desse crime ambiental”, afirma Rafael, pescador artesanal e morador de Magé. “O caranguejo, o guaiamum, estão todos contaminados. Agora, com o defeso (período em que a pesca é proibida para proteger a reprodução das espécies e preservar os estoques naturais), a situação se agrava ainda mais. Estamos lutando para que as autoridades assumam a responsabilidade, implementem medidas de recuperação do rio e apoiem as famílias prejudicadas”, reivindica Rafael.
O acidente, ocorrido em 1º de outubro de 2024, foi causado por uma colisão entre dois caminhões-tanque, derramando cerca de cinco mil litros de gasolina, diesel e emulsão asfáltica no Rio Suruí, um afluente da Baía de Guanabara. O incidente trouxe impactos ambientais e sociais, comprometendo a saúde do rio e a subsistência de pescadores e moradores que dele dependem.
Impactos e descaso do poder público
Embora medidas emergenciais, como a instalação de boias de contenção, tenham sido anunciadas após o acidente, os pescadores denunciam a falta de apoio financeiro e de assistência dos governos em todos os níveis.
Os impactos no ecossistema e na saúde da população são alarmantes. Moradores relatam irritações na pele, problemas de doenças e intoxicação.
“Estou tomando remédio desde que tudo aconteceu; minha garganta ainda dói, e meu neto também passou mal”, conta Vanilza da Conceição Gomes, pescadora e moradora de Magé. “Dependemos do caranguejo para sobreviver, mas ninguém quer comprar com medo de contaminações. Estamos vendo um berço de vida destruído. O mangue sustenta nossa comunidade, e sem ele, nossa pesca e nosso sustento estão ameaçados”, complementa Vanilza.