17 novembro 2024 - 05:42

‘Se um parente meu matar alguém, eu sou o culpado?’, diz Dr. Luizinho 

O deputado federal Dr. Luizinho que é líder do PP na Câmara Federal. Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Redação

Em uma entrevista exclusiva publicada pela Globo Jogo Político, Doutor Luizinho, que é deputado federal e líder do PP na Câmara, respondeu sobre o escândalo dos transplantes: ‘Se um parente meu matar alguém, eu sou o culpado?’ Veja as perguntas e respostas abaixo.

O senhor já foi cotado para alçar voos mais altos no Rio e em Brasília, mas esse escândalo dos transplantes pelo visto dinamitou qualquer possibilidade, certo?

São três cadeiras que falam para o meu nome e não tenho cabeça nenhuma para nada disso agora. Ministério da Saúde, presidência da Câmara dos Deputados e governo do Rio. Minha situação é muito ruim, as pessoas querem o meu fígado e não posso mais fazer projeção política. Quero me defender, apenas.

E como se defender diante desse caso tão chocante?

Para começar, esse contrato com o laboratório PCS Saleme não foi licitado durante a minha gestão na Secretaria de Saúde.

Mas o laboratório é do seu tio…

Essa empresa é dele há 55 anos, antes foi do pai dele. O Walter se casou com uma tia minha, não é da minha família de sangue. Se estiver errado, que pague o que tiver de pagar. Agora, quer dizer que, se um parente meu puxar uma arma e matar alguém, eu que sou o culpado? Repito: o contrato não é da minha época. Se eu estivesse lá, jamais passaria no meu compliance ter um tio com esse contrato.

É que, além da gravidade da contaminação de pessoas com HIV, foi descoberta uma série de pessoas ligadas ao senhor recebendo por trabalhos na área da saúde. Sua irmã, por exemplo, está na Fundação Saúde…

Ela não está ali por ser um cabide de empregos. Querem pintá-la como uma pessoa despreparada. Minha irmã é coronel do Corpo de Bombeiros, a primeira com mestrado e doutorado da corporação. Tenho 15 primos na família, não sei o que cada um faz da vida.

O escândalo também expôs a realidade de uma grande maioria de contratos na área da saúde sendo do tipo emergencial e sem licitação. Não é um problema?

As pessoas conhecem muito pouco da área da saúde. É um setor que não funciona sem contrato emergencial. Só uma UPA, por exemplo, tem de 25 a 30 contratos. São serviços para alimentação, limpeza, laboratório. O que não quer dizer que os contratos emergenciais não sejam feitos de maneira limpa, com pregão eletrônico.

E por que a escolha de laboratórios sem nome no mercado?

Tive zero interferência nesse processo e estão querendo colocar um enredo em que um laboratório de beira de esquina foi escolhido para matar as pessoas. Não é assim. Há muito tempo, os grandes da área como Sérgio Franco e Dasa não querem mais participar desses contratos. O preço é muito barato para eles.

A Assembleia Legislativa do Rio sepultou o pedido de CPI para investigar o escândalo dos transplantes. Como foi a conversa com o presidente da Casa, o deputado estadual Rodrigo Bacelar, para barrar a iniciativa?

Converso com ele e com todo mundo. CPI para quê? A polícia não está investigando, já? O Ministério Público não está investigando, já? Tem muita política nesse assunto, na medida em que passei a ser um personagem nacional.

Não é apenas por causa da sua projeção, é também porque seis pessoas contraíram o vírus ao receber órgãos transplantados…

Sim, foi uma cagada monstruosa e, mais uma vez, que pague quem tiver de pagar. Agora, ninguém pode achar que eu seria um louco ou doente mental de pedir para contratarem o laboratório de um tio depois que eu deixei a Secretaria. Tenho 27 anos de formado, e a saúde é o meu legado de vida. Imputarem a mim esse caso é desproporcional.

Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira se entrega à polícia — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Sócio de laboratório investigado por transplantes infectados é preso após se entregar

Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira foi preso, na manhã desta quarta-feira, após se entregar na Delegacia do Consumidor (Decon) acompanhado pelo advogado. Ele teve a prisão preventiva decretada na noite de terça-feira, após ser indiciado pela participação no caso dos transplantes infectados por HIV. A prisão, no entanto, não foi imediata: Matheus chegou antes das 9h e encontrou a unidade policial fechada. Ele precisou esperar 20 minutos até a chegada de algum agente.

Respostas de 2

  1. Esse cara é um mau caráter, dizer que não tem nada com isso é muita covardia dele, todos sabemos que ele manda na Saúde do Estado do RJ, da Secretaria de Saúde ao primei escalão da FSERJ todos foram indicados por ele, fora vários cargos que ele sustenta dentro dessas pastas !
    Abandonar a Família é coisa de MAU CARÁTER!

  2. Se um parente meu matar alguém eu sou culpado? A resposta é depende!
    O quanto a pessoa contribuiu para que o crime aconteça, uma pessoa pode contribuir para um crime diversas situações sem necessariamente ter cometido o crime em si, um exemplo seria colocar o parente na situação do crime e dar as ferramentas necessárias para que o crime aconteça. Outra pode ser o mandante e etc. O caso deve ser apurado e os responsáveis pelo crime ser responsabilizado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.