Redação
O laboratório PCS, investigado pela infeccção de pacientes transplantados com o vírus HIV no Estado do Rio, tem Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira como um dos sócios. Ele é primo do ex-secretário estadual de Saúde e deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ).
A informação foi divulgada inicialmente pela Band News, G1 e confirmada pelo TEMPO REAL. O nome de Matheus está em um contrato entre a secretaria e Patologia Clínica Doutor Saleme Ltda. (razão social do PCS) como representante do laboratório.
O vínculo em questão, no valor de R$ 3,8 milhões sob a modalidade de dispensa de licitação, assinado em setembro de 2023, previa a realização de exames de análises clínicas e anatomia patológica no Hospital Estadual Ricardo Cruz, gerido pela Fundação Saúde em Nova Iguaçu.
Dr. Luizinho havia deixado oficialmente a secretaria em 12 de setembro de 2023, quando foi exonerado. Contudo, ainda possui influência na pasta. O parlamentar se manifestou sobre o caso, lamentou o ocorrido e disse que espera “punição aos responsáveis, independente de quem for”, leia a íntegra:
“Conheço o Laboratório Saleme há mais de 30 anos, dirigido pelo Dr Montano e posteriormente por seu Filho Dr. Valter Viera (casado com a irmã da minha mãe Ana Paula) e suas irmãs. Lamento veementemente o ocorrido, desejando ao fim das investigações punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de contaminação. Enquanto secretário de Estado de Saúde, mantive a mesma equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e jamais participei da contratação deste ou de qualquer outro laboratório. É muito triste como um dos maiores defensores dos transplantes no País, cuja minha vida pública está marcada pela ampliação do número de transplantes no Estado, ver casos graves como esse. Espero punição aos responsáveis, independente de quem for”.
Como se deu a contaminação
Seis pacientes que receberam órgãos em transplantes no Estado do Rio foram contaminados pelo vírus HIV, causador da, Aids. Os casos foram notificados a partir do dia 10 de setembro deste ano. Ocorre que dois doadores eram portadores do vírus, mas exames laboratoriais realizados à época da morte tinham sido negativos.
A informação foi divulgada inicialmente pela Bandeirantes. Um paciente que recebeu um coração começou a se sentir mal nove meses após o procedimento. Ele realizou vários exames que comprovaram que havia sido contaminado pelo HIV.
A Secretaria de Estado de Saúde afirmou que considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados.
O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.