EstudioB
As eleições municipais ainda estão longe, só ocorrerão em outubro de 2024. Mas em Duque de Caxias, o maior município da Baixada, o abacaxi, daqueles bem graúdos, já está nas mãos de Washington Reis (MDB), ex-prefeito do município e atual secretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, para ser descascado. Tudo porque, nos últimos pleitos, na ânsia de obter o maior lastro possível de apoios para ele e os irmãos, prometeu a uma miríade de políticos a chave da cidade.
E a despeito de já ter mostrado habilidade política em várias situações, o poderoso chefão de Caxias não vai ter vida mansa para achar uma saída nesse labirinto em que se meteu. Estrategistas políticos e conhecedores da política fluminense são unânimes em afirmar que ele precisará gastar muita saliva e muitas coisas mais para tentar apaziguar a turma que está sonhando com a cadeira de prefeito.
Fiel escudeiro de primeira ordem, o deputado federal Áureo (Solidariedade) sempre acalentou o desejo de se tornar prefeito. Parece que não será desta vez. A amigos próximos, ele tem confidenciado que uma candidatura neste momento arranharia, irremediavelmente, a parceria hoje existente entre ele e a família Reis. Apesar de numa entrevista ao Estúdio B, ano passado, ele ter afirmado que cogita, sim, colocar seu nome na mesa, dificilmente o fará, sob pena de colocar em risco a situação megaconfortável de que desfruta hoje nos governos municipal e estadual.
Outro a quem foi prometido o céu é Celso do Alba, o presidente da Câmara de Vereadores de Caxias. Do mesmo partido e fã de carteirinha de Washington Reis, o vereador já começa a pôr as manguinhas de fora com vistas a uma candidatura majoritária. Com receio de ser preterido na hora H pelo padrinho, Celso do Alba vem costurando alianças dentro da casa que preside e até com nomes de destaque na política fluminense, como os deputados estaduais Márcio Canella (União Brasil) e Rodrigo Bacellar (PL), presidente da Alerj. Um observador atento pode verificar que nas postagens mais recentes em suas redes sociais, Celso do Alba deixa claro que abriu uma janela para voo solo.
Já o vereador Sergio Corrêa da Rocha, o Serginho (MDB), o mais votado de toda a Baixada em 2020, deverá cobrar a conta por ter desistido de concorrer a estadual no ano passado para apoiar Rosenverg Reis (MDB). Ele não faz questão de esconder que espera a retribuição da família Reis na mesma proporção de seu ato. Para bom entendedor: ele conta, sim, com o apoio do clã para a Prefeitura em 2024.
Enquanto empurra o quanto pode a decisão, Washington Reis alimenta a esperança de todos. Até de correligionários mais próximos e parentes. É o caso de Rodrigo Rangel, secretário da Casa Civil de Caxias e braço-direito e esquerdo dele, que pode receber a bênção graças à sua obediência quase canina. Outro que ganhou força ultimamente foi Netinho Reis, sobrinho de Washington, que chegou a integrar a delegação da secretaria estadual dirigida pelo tio que foi à China recentemente.
Seja como for, o líder supremo de Caxias terá que mostrar toda a habilidade do mundo para equilibrar tantos pratos. E não quebrar nenhum será quase impossível.